Lucas Corrêa 30/08/2020
O valor dos seus Dados Pessoais
Costumeiramente realizamos cadastro em todo tipo de serviço, aplicativo,
rede social, lojas ou até mesmo pesquisas de rua ou telefone. Compartilhamos
informações como nome completo, endereço, CPF, RG, sexo, e-mail, telefone,
posts e comentários nas mídias sociais, check-ins, fotos, IP, configuração do
computador e browser, etc. Dados pessoais que são disponibilizadas
intencionalmente ou inconscientemente, mas sem a menor noção do real valor que
elas carregam.
Martha Gabriel, uma das pensadoras digital mais influentes do Brasil, em
seu livro "Você, Eu e os Robôs" diz o seguinte:
A soma dos nossos rastros com nossas pegadas
constitui um dossiê riquíssimo sobre nós que permite que sistemas
computacionais determinem nossa personalidade, de forma muito mais precisa do
que um humano conseguiria fazer: preferências, reações, comportamentos
específicos, fobias etc. (GABRIEL, 2019, p.77).
Valor
A maioria da população brasileira ainda não se deu conta da sensibilidade
e do valor agregado a seus dados pessoais, mas as empresas já. Há muito tempo
que a grande indústria já utiliza desses materiais para se transformarem e
inovarem constantemente. Com o avanço das tecnologias como inteligência
artificial (IA) e BIG DATA, tornou-se possível armazenar quantidades gigantes de
dados, desfragmenta-los, organiza-los e gerar retorno à empresa.
A Netflix, por exemplo, a todo momento analisa nossas ações, como
avaliações de filmes e séries, quais filmes e séries foram buscados, o dia no
qual o filme ou a série foi assistido, momento e frequência que é pausado um
filme ou série, diversas informações que podem ser coletadas. E com todas essas
informações em seu poder, a empresa consegue traçar diversas estratégias que
retornem resultados positivos. Como foi o caso da série House Of Cards, fruto
de uma análise de dados onde mostrou que os usuários assistiam bastante
conteúdo do diretor David Fincher e do ator Kevin Spacey. Todo o esse processo
é chamado de business intelligence, e pode ser utilizado por qualquer empresa,
desde que esteja em conformidade com as normas legais do país onde foram
coletadas as informações e possua uma estrutura mínima de segurança.
Outro caso curioso e que vale a pena ser citado é do TikTok. O aplicativo
vem sofrendo diversas acusações, inclusive pelo governo dos EUA, por coletar
informações não permitidas dos seus usuários e compartilha-las com o governo
chinês. A empresa afirma que só coleta o que é permitido legalmente.
Riscos
Os dados quando são armazenados em bancos de dados, formam um registro.
Esse registro é formado informações que servem de identificação de um
indivíduo. E como já vimos antes, esse conteúdo pode ser coletado, armazenado e
tratado pelas organizações, afim de auferir diversos objetivos. Mas é
necessário destacar que existe um risco alto ao compartilharmos qualquer tipo
de informação com qualquer organização ou indivíduo. Ocorre que, por vezes
acontecem vazamentos desses dados, seja por invasão cibernética, falha de
sistemas, erro humano ou até mesmo a própria empresa ceder a informações para
uma terceira organização sem o seu conhecimento.
Uma vez que, esses registros saem
do controle da organização permissionária, se torna muito difícil retomar o
controle e a partir daí as consequências podem ser duras e se transformar em
uma grande dor de cabeça. Em mãos erradas as informações podem ser vendidas
para profissionais de marketing e
spammers, com objetivo de disparar publicidade personalizada, também
estão sujeitos a outras práticas, como roubos de identidade e fraudes, no qual
os possuidores aproveitam de detalhes particulares expostos, como os nomes
completos, números de telefone e e-mails, utilizando em fraudes, chantagens e
inúmeras outras aplicações. Desta forma, devemos ficar atentos a cada passo e
pegada que deixamos por onde passamos, pois esses rastos dizem muitos sobre
nós, afetando diretamente nossa privacidade, segurança e personalidade natural.
Regulamentação nacional
No Brasil e no mundo já existem legislações que buscam controlar o
tráfego e manuseio dessas informações. A LGPD – Lei Geral De Proteção de Dados,
em específico, regula de forma padronizada como as informações coletadas e tratadas
no brasil ou de indivíduos localizados no território nacional. O dispositivo já
é considerado um marco histórico para a proteção dos direitos do cidadão.
Grandes empresas de atividade do setor digital, como WhatsApp, Facebook, Instagram
já buscaram a adequação à norma, disponibilizando aos usuários novas modalidades
de acesso e controle de suas informações.
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